domingo, 15 de maio de 2011

3.1. A Indústria de Bens Agrícolas

Dentro do Plano de Metas estava contido o Plano Nacional da Indústria de Tratores Agrícolas. Ele contribuiu decisivamente para a criação de unidades brasileiras e/ou nacionais de tratores e apoiou a expansão da indústria de auto-peças e componentes, elementos decisivos para o desenvolvimento da indústria de máquinas e implementos agrícolas. O decreto foi assinado em 22 de dezembro de 1959.

Tanto que, entre os anos 50 e 70, um grande número de novas empresas nacionais e estrangeiras se instalaram no Brasil. Entre empresas que montaram suas unidades em São Paulo está a Ford, responsável pela fabricação do primeiro trator produzido no Brasil. O modelo era movido a diesel e saía da fábrica com a parte frontal e o capô pintado em verde e o motor, eixos e chassi em amarelo, como forma de ressaltar a produção brasileira. Além da Ford, também se instalaram no Brasil a Valmet, Massey Ferguson, Fiat, Case e New Holland. Junto a elas, surgiram fábricas nascidas no próprio Brasil, mais precisamente no Rio Grande do Sul, como a SFIL, Francisco Stédile e Máquinas Ideal.

Até 1959, quando o decreto foi assinado, existiam no Brasil cerca de 150 modelos de tratores estrangeiros, de diversas marcas e diferentes tipos, o que obrigava os agricultores a fazer adaptações em implementos agrícolas. As fábricas desses componentes eram poucas, já que cada veículo tinha características muito diferentes dos outros. Outro fator que dificultava ainda mais eram as peças de reposição que precisavam ser importadas e levavam muito tempo para chegar ao país. Além disso, os revendedores não conseguiam montar estoques completos em função do grande número de componentes diferenciados. Tratores chegavam a passar quatro meses na espera pelo conserto, em meio aos períodos de safra, em que era necessário voltar a empregar tração animal na colheita.

Muito embora a indústria tenha sido fortemente impulsionada, a lacuna do analfabetismo no meio rural e a situação precária dos trabalhadores do campo não passaram por reformas e o quadro se mantinha crítico. Tanto que os investimentos em educação eram voltados para a área técnica, responsável pela criação de mão-de-obra especializada para operar máquinas. Nesse período, a população que deixava o campo no êxodo rural era habituada a uma agricultura extremamente primitiva e sem nenhum tipo de experiência com máquinas modernas. Os analfabetos chegavam a 40% da população brasileira.

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