domingo, 15 de maio de 2011

2.1. A Chegada ao Planalto

O suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de Agosto de 1954 abriu uma lacuna no poder e também na herança política, perseguida pelos seus sucessores e adversários. Para tal, foi lançada uma candidatura dita como “união nacional”, com a adesão de dois grandes partidos do Brasil na época, o PSD (Partido Social Democrático) e a UDN (União Democrática Nacional).

Cabe aqui fazer um ressalto para o uso de palavras derivadas de “democracia” na época em que ainda existiam fantasmas da ditadura de Getúlio Vargas nos anos 30 e 40, após o golpe de estado. O sentimento de um governo “democrático” emergia em boa parte da população. Hoje, esse sentimento está transformado em uma tendência “centro-esquerdista” de assistencialismo a população, após os resultados de programas implantados pelo presidente Lula.

Voltando a época “pós-Vargas”, os dois partidos teriam um candidato único que uniria a direita e o centro e evitaria uma nova ditadura radical como a Getulhista. Entretanto, essa ideia não prosperou e em fevereiro de 1955, o PSD lançou o nome de Juscelino como candidato à presidência da república. Entretanto, JK sabia que precisava do apoio de uma base mais solidificada, com aceitação popular. Foi então que o nome de João Goulart surgiu como vice. Este havia se lançado na “pré-campanha” como candidato a presidente pelo PTB e os dois partidos selaram a união poucos dias antes da homologação oficial das candidaturas.

A candidatura JK-Jango sofreu com muitas tentativas de inviabilizar a candidatura, por parte de partidos como o Partido Comunista Brasileiro. Mas o principal rival era a UDN, com tentativas escancaradas de inviabilizar a candidatura inclusive com meios ilícitos.

Uma das tentativas lícitas de impedir que os dois candidatos chegassem ao poder foi a proposição pela UDN de uma emenda constitucional, a qual transferia para a Câmara dos Deputados a eleição presidencial, no caso de o eleito não conseguir a maioria absoluta dos votos, ou seja, 50% mais um eleitor. Entretanto, essa medida não foi aprovada no congresso.

A eleição foi uma das mais disputadas até então e em três de outubro de 1955, Juscelino elegeu-se com 36% dos votos válidos, contra 30% de Juarez Távora, da UDN; 26% de Ademar de Barros do PSP e 8% de Plínio Salgado do PRP. Na época, os eleitores votavam também para vice-presidente e, mesmo assim, a chapa prosperou, pois Jango recebeu mais votos que JK.

A vitória foi uma das mais apertadas, com menor percentual de votos válidos. Após a eleição, os oposicionistas ainda realizaram uma sucessão de ameaças a legalidade democrática, cujo ponto crítico foi o Movimento 11 de Novembro, que ocorreu dois meses e meio antes da posse dos novos eleitos.

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